o sabor da cereja
la poésie, c’est quand le quotidien devient extraordinaire. herberto helder
segunda-feira, novembro 10, 2014
sexta-feira, outubro 24, 2014
terça-feira, julho 23, 2013
quarta-feira, agosto 11, 2010
Um dia fiz três conjuntos de dez anos. Juntei-os em grupos de tempo e pousei-os no degrau da porta de minha casa. Pus-me a olhar esse tempo e tentei perceber o que me saía do coração.
Vi aqueles tempos ali pousados, repletos de horas, dias e meses e fitei-os como quem observa um filho. Sentia orgulho daquele tempo, de como ele tinha crescido. Lembrei minutos dolorosos, as horas solarengas do coração cheio ... lembrei as marcas que o tempo deixou e reconheci-as no espelho onde me olho.
Desse tempo, filho da vida passada, além de orgulho, senti o medo de quem sabe que agora o caminho faz-se mais sozinho. O chão pisa-se, a cada passo, com mais força. Do cimo deste degrau, ao lado dos meus três conjuntos de dez anos, e onde o mundo me parecia já diferente, vejo-te.
Vejo-te melhor quando olho para dentro e tenho menos medo. Pareces mais bonita por te vestires da mulher serena que ainda não és. No coração encontro a saudade das tua alma incerta. Mas corremos ainda as duas, lado a lado. Trocamos piscares de olho e, no silêncio, rimo-nos cúmplices daqueles que dizem: - "Estás na mesma!"
Vejo-te melhor quando olho para dentro e tenho menos medo. Pareces mais bonita por te vestires da mulher serena que ainda não és. No coração encontro a saudade das tua alma incerta. Mas corremos ainda as duas, lado a lado. Trocamos piscares de olho e, no silêncio, rimo-nos cúmplices daqueles que dizem: - "Estás na mesma!"
Partilhamos este coração, "independente" como o baptizaram um dia, roubando o nome à música.
O tempo passa e o coração não deixará de bater.
E no bolo não pusemos velas, que o tempo não sabe soprar.
quarta-feira, julho 28, 2010
Conheci-o num Natal. O tempo passou e a sua música foi uma constante nos meus dias, trazida pela mão de quem já o conhecia de longa data. Foi entranhando-se a sonoridade, nova a cada audição. Brilhante, carregada de génio e de qualquer coisa que eu não sabia. Agora já sei. E não sei explicar ... mas sei que me apaixonei.
Um documentário brilhante sobre um homem maior.
sexta-feira, julho 23, 2010
Um dia mudei de latitude. A vida passou-me à porta e fui com ela. Deixei para trás um tempo pesado que dormia sobre os ombros. A incerteza mantém-se, mas agora vivo. Neguei o exercício da sobrevivência, do dia atrás do outro e de anos possíveis de dias copiados. Aqui também o tempo se repete e com ele os gestos. Mas surpresa existe ao virar da esquina e nos rostos de quem nos sorri e mostra o coração nos dentes. O caminho ainda é breve. Mas tenho certo que hoje sou mais feliz.
sábado, junho 26, 2010
sexta-feira, junho 25, 2010
O homem não desviou os olhos da cara do rapaz.
- Deixou-me. Um noite, cheguei, a casa estava vazia, ela tinha-se ido embora. Deixou-me.
- Com outro tipo? - perguntou o rapaz.
Suavemente, o homem pôs a palma da mão no balcão.
-Ó meu filho; naturalmente! Uma mulher não foge assim, sozinha.
O café estava sossegado e a chuva miudinha, escura e infinda, lá fora.
Uma árvore, um rochedo, uma nuvem. Carson McCullers
in Folhas Vermelhas e Outros Contos Americanos, Tradução Jorge de Sena
quinta-feira, junho 24, 2010
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