domingo, novembro 26, 2006

m.a.y.a.e.w.k.

If you really love me then let's make a vow, right here, together, right now. ok? ok. alright. repeat after me: i'm gonna be free, and i'm gonna be brave -good- i'm gonna live each day as if it were my last -oh it's gonna be like that, yes- fantastically, courageously, with grace. and in the dark of the night -and it does get dark- when i call a name, it'll be your name -what's your name? nevermind, let's go- let's go everywhere, even though we're scared. cause it's life and it's happening -oh, it's really happening... right now.


sobre o tejo um apito

cesariny e o retrato rotativo de genet em lisboa

ao lusco-fusco mário
quando a branca égua flutua ali ao príncipe real
as bichas visitam-nos com suas cabeças ocas
em formas de pêndulo abrem as bocas para mostrar
restos de esperma viperino debaixo das línguas
e com o dedo esticado acusam-nos de traição

sabemos que estamos vivos ou condenados a este corpo
cela provisória do riso onde leonores e chulos
trocam cíclicos olhares de tesão e
ficamos assim parados
sem tempo
o desejo diluindo-se no escuro à espera
que um qualquer varredor da alba anuncie
o funcionamento da forca para a última erecção

lá fora mário
longe da memória lisboa ressoa esquecendo
quem perdeu o barco das duas ou se aquele que caminha
será atropelado ao amanhecer ou se o soldado
que falhou o degrau do eléctrico para a ajuda fode
ou ajuda ou não ajuda e se lisboa num vão de escadas
é isto

tão triste mário sobre o tejo um apito

al berto, a vida secreta das imagens


"ama como a estrada começa." m.cesariny

Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...

A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.

Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.

E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.

_________________________


Quero voar
-mas saem da lama
garras de chão
que me prendem os tornozelos.

Quero morrer
-mas descem das nuvens
braços de angústia
que me seguram pelos cabelos.

E assim suspenso
no clamor da tempestade
como um saco de problemas
-tapo os olhos com as lágrimas
para não ver as algemas...

(Mas qualquer balouçar ao vento me parece Liberdade.)



josé gomes ferreira

sexta-feira, novembro 24, 2006















O meu hemisfério
direito fica desde hoje condenado ao
silêncio. ad eternum.

a propósito de ontem

louise bourgeois por robert mapplethorpe.

quinta-feira, novembro 23, 2006

coisas parvas


Há dias em que é difícil resistir às tentações do lobo mau capitalista. Hoje num exercício puramente estético arranquei de mim um pensamento fútil, sem pensar em comércios justos, nem na ditadura das multinacionais que exploram a mão de obra do hemisfério Sul e da Ásia sobrepovoada: gosto dos trapinhos do Alexander McQueen, da Stella McCartney e da Vivianne Westwood ...


...que me perdoe São Trotsky!...









alexander mcqueen_fallwinter_2007

quarta-feira, novembro 22, 2006

Epístola para Dédalo



Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera
se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.

Epístolas e Memorandos_Fiama Hasse Pais Brandão


Ó mãe, vem-me buscar. Tira-me deste lugar e deita-me no teu colo. Afasta estas nuvens cinzentas de mim e pousa a minha cabeça no teu ventre... que eu quero voltar à meninice. Mãe...

segunda-feira, novembro 20, 2006

vinte do onze


Há o silêncio de um dia novo. E a vontade do correr da água.
...
Detrás da porta branca espreitam tempos novos,
e deixarei de carregar a minha vida pelas estradas.
...

Manhãs brancas em que não corro para encontrar a tua boca.

terça-feira, novembro 07, 2006

Há dias em que o medo acompanha cada gesto... e dias em que o coração se une aos pulmões e uma certa mão invisível se ocupa de os apertar. E respirar torna-se um exercício que requer alguma concentração.
Há dias em que tudo se põe em causa, dias em que nada faz sentido, dias em que a vida parece um novelo desfeito e se resume a um amontoado de linhas. Há dias em que o Sol até brilha e os pássaros até cantam, mas há dias em que tudo isso de nada serve.
E esses dias estão cheios de horas, minutos, segundos. Todos eles confusos. Há horas que custam a passar, minutos de desespero e segundos em que deixariamos tudo por um nada incerto... tempos em que a vontade de partir é maior que tudo.
Há tempos de procura. Necessidade de um encontro. Revisitar-nos como quem procura um parente distante, a saudade de vermos o que foi feito de nós. O que foi do nosso corpo, do tempo em que o rir era um impulso, como repirar. Do tempo em que a inocência nos marcava as linhas do rosto e em que corriamos até deixar as pernas trémulas, sem força. O tempo em que as gargalhadas eram a banda sonora dos dias e todos os dias tinham Sol.
As horas passaram. E não nos ensinaram que o Sol não brilha todos os dias. Ninguém nos disse que estamos sós. Na Cartilha Maternal isso não vem escrito, nem nos compêndios e tratados que nos dão a ler ao longo do tempo. Formamos a nossa lucidez por conta própria. E toda a dor que dela advir será da nossa total responsabilidade.
Há dias em que a nitidez do mundo nos fere como lâminas. E ninguém nos ensina a proteger-nos delas.

quinta-feira, novembro 02, 2006

If i should die this very moment I wouldn't fear for I've never known completeness like being here. Wrapped in the warmth of you, loving every breath of you. Still my heart this moment or it might burst.

[could we stay right here 'til the end of time, 'til the earth stops turning wanna love you 'til the seas run dry. I've found the one I've waited for]

All this time I've loved you and never known your face, all this time I've missed you and searched this human race. Here is true peace. Here my heart knows calm, safe in your soul, bathed in your sighs.

gorecki, Lamb - Lamb/1997