sexta-feira, novembro 30, 2007

adeus ó terra ... adeus linda serra ... que eu cá vou ver o Control ...

até para a semana ...
sista, we're connected !





quinta-feira, novembro 29, 2007

Há já muito tempo que pretendo escrever sobre a duração
não um ensaio, uma peça de teatro ou história
-a duração exige a poesia.
Quero interrogar-me num poema,
lembrar-me num poema,
afirmar e conservar num poema
o que é a duração.

A duração é algo que já tantas vezes senti, nos prenúncios
da Primavera de Fontaine Sainte-Marie,
na brisa nocturna da Porte d'Auteuil,
ao sol estival da região do Karst,
a caminho da casa, às primeiras horas da madrugada,
após uma comunhão com o meu ser.

Essa duração o que foi?
Foi um espaço de tempo?
Algo de mensurável? Uma certeza?
Não, a duração foi um sentimento
o mais fugidío de todos os sentimentos,
que passa muitas vezes mais depressa que um instante
imprevisível, impossível de dirigir,
impalpável, imensurável.
E, no entanto, teria podido, com a sua ajuda,
rir-me para qualquer adversário e desarmá-lo,
fosse ele qual fosse,
teria transformado a opinião
de que sou uma pessoa má
na convicção profunda:
"Ele é bom!",
e se houvesse um deus,
o sentimento da duração seria há muito seu filho.
[...]




peter handke, poema à duração



skip ... skip ... skip ...

crise auditiva ...

não sei o que ouvir.

talvez seja um intoxicação auditiva...


terça-feira, novembro 27, 2007

agora vou ...



mas fica cá ela ...



Uma amiga pergunta-me se é melhor a monogamia ou a poligamia. Respondo:
Tinha treze ou catorze anos. Estudava piano e harmonia no Conservatório de Atenas. [...] Era Verão e véspera dos exames. [...] Um dia, depois de acabar de harmonizar um basso obligatto, entrei numa sala onde um colega meu, clarinetista [...] estava a estudar uma peça do exame. [...] Reparei que o seu clarinete era velho [...] e perguntei-lhe se se ía apresentar a exame com aquele mesmo instrumento. A princípio pôs-se a olhar para mim, boquiaberto, depois sorrindo com malícia, respondeu: “Não. Este é o meu clarinete de estudar. Para tocar em público tenho o clarinete bom.”
Para justificar a monogamia no matrimónio, os evolucionistas contavam do seguinte modo a formação da família: o homem diziam, no princípio vivia como as bestas, em estado de promiscuidade. Num segundo tempo, os filhos começaram a juntar-se à volta da mãe (permanecendo o pai mais ou menos ignorado), constituindo-se assim o matriarcado. Mais tarde ainda, o pai tornou-se, por sua vez, o chefe de família e formou o patriarcado que, na sua origem, era poligâmico e que só em recentes épocas se tornou monogâmico. Karl Marx, por seu turno, define a monogamia como “uma superestrutura da economia capitalista”, e explica-a pelo desejo do homem de transmitir a própria substância aos filhos, o que levou a humanidade à família monogâmica. As explicações citadas são dois exemplos claros da importância que no raciocínio humano têm os “preconceitos”, ou seja, o hábito de explicar a vida, o homem, o universo, qualquer coisa, partindo de uma ideia e desenvolvendo de fio a pavio, aquilo a que na prática dos filósofos se chama “um sistema”.
Eu penso que descobriremos mais facilmente a razão da monogamia se tomarmos como exemplo o jovem clarinetista do Odeón de Atenas.
Toca-se melhor no mesmo clarinete, melhor do que em clarinetes diferentes. Para o êxito do acto sexual, a harmonia entre os dois instrumentistas tem uma importância crucial. A técnica do acto sexual tem, como qualquer técnica, alguns segredos próprios, a sua poesia, a sua profundidade, que não se podem atingir se não se ultrapassar os obstáculos da intimidade e do pudor. A lei biológica, segundo a qual a fecundidade não pode ocorrer senão em condições de escuridão absoluta, alarga o seu “sentido” a toda a operação amorosa, coloca o acto sexual numa condição de estúpida superficialidade. O pudor que rodeia e cobre completamente o acto amoroso tem por objectivo torná-lo mais solitário – mais profundo.
Só dois amantes que fazem amor sempre um com o outro, fiéis duetistas, e que se “intimizam” cada vez mais, podem chegar à profundidade “abissal” do acto sexual, essa variante humana da origem da Via Láctea.


in a Vida de Henrik Ibsen, Alberto Savinio

*o artigo foi encontrado na mesma pasta que continha o original da Vida de Henrik Ibsen


meus caros, aqui está o bólide.

quem quiser boleia vai ter que esperar mais uns dias pelo exame de condução

almoço com um cheirinho a tempo ...

segunda-feira, novembro 26, 2007



Ibsen, Savínio, monogamía, polígamia
e uma flauta : amanhã, aqui.

quinta-feira, novembro 22, 2007




longas horas de sofá a entender as conspirarações do coração, divagações mais ou menos estéreis sobre o sentido da vida, horas e horas de pretenciosismo intelectual, horas de conforto no andar de baixo, tentativas de entendimento que oscilavam entre o racionalismo de um e a excessiva emotividade de outro. Assim passavamos o tempo.





agora temos o messenger e muitos kilómetros que nos separam.





"As mulheres mais maravilhosas acabam sempre com os maiores trastes"





(aqui está quem falou)
Jornal do Algarve, edição de dia 21 de Novembro
(variação regional ao Jornal As Beiras)

terça-feira, novembro 20, 2007


turn off cumputer, turn off brain




...


Time has told me
You're a rare rare find
A troubled cure
For a troubled mind.
And time has told me
Not to ask for more
Someday our ocean
Will find its shore.
So I`ll leave the ways that are making me be
What I really don't want to be
...
Time has told me
You came with the dawn
A soul with no footprint
...
And time will tell you
To stay by my side
To keep on trying
'til there's no more to hide.
...
Time has told me
You're a rare rare find
...


dei a mão à manhã para ela correr comigo ...

não gosto de manhãs solitárias

segunda-feira, novembro 19, 2007

por isso, hoje volto ...

sexta-feira, novembro 16, 2007

"O trabalho é a génese de grande parte da miséria do mundo, é causa de muito do mal que acontece.
Somos obrigados a viver sobre o seu desígnio. Para acabar com o sofrimento, temos que parar de trabalhar.
[...]
O emprego significa o aluguer das energias de uma pessoa por um limite de tempo razoável. E por mais engraçada que a tarefa seja, aquilo que tem de ser feito durante quarenta horas por semana, já não falando das condições em que tem de ser executado, é somente um fardo.
O objectivo são os lucros dos proprietários.
[...]
A degradação que muitos trabalhadores experimentam é a condição imposta pela disciplina.
[...]
A disciplina é aquilo a que a fábrica, escritório e a empresa partilha com a prisão, a escola e o hospital psiquiátrico.
É uma coisa historicamente original e terrível.
[...]
O divertimento é sempre voluntário. Quando é forçado é trabalho. É axiomático."

Bob Black*
A Abolição do Trabalho, in ebooks.

*norte americano, advogado, anarquista.




Quase no absurdo lembramo-nos que a procura inicial era pela liberdade.

# à menina limão, para que o trabalho (ou a falta dele) nunca nos condicione o pensamento.


'Beware of false prophets which come to you in sheep's clothing,
but inwardly, they are ravening wolves.
Ye shall know them by their fruits.'
The Night of the Hunter (1962)

quinta-feira, novembro 15, 2007



Je recommende Monsieur Afonso (put ... some) pour les tympains ...

et Mademoiselle Irina avec Monsieur António (Receyecler) pour les yeux.

(tenho saudades vossas)

... e parece-me que a foto é da Joana

quarta-feira, novembro 14, 2007

ir em paz#até amanhã


I'll break them down, no mercy shown
Heaven knows, its got to be this time
Avenues all lined with trees
Picture me and then you start watching
Watching forever, forever
Watching love grow, forever
Letting me know, forever





cemony (12" Version with Gillian Gilbert)
substance, new order,
factory records, 1987



82 dias depois da morte de Ian Curtis nascia eu. Em Agosto de 1980.
Cataloguei sempre a minha relação com os Joy Division como "difícil", talvez porque muito visceral.
Melhor. A palavra certa é "orgânica".
Conheci-os através do "bulldozer" que foi, em mim, a cena de Manchester.
Depois da Madchester dos 90 passar por mim, os meus ouvidos nunca mais foram os mesmos.

Nunca senti o efeito Joy Division no seu tempo, como outros o sentiram. Nem posso aspirar a querer sabê-lo, pela existência óbvia de um híato temporal que me separa da época. Só sei calcular a dimensão do fenómeno pelo seu alcançe e pelas suas repercussões na actualidade.
Há muito que não espero tanto por um filme.
"De um facilitismo atroz", dizia-se sobre o filme, sobre a trama ou a forma como a vida de Ian Curtis é retratada. Será verdade, acredito. Mas, como disse, não quero saber.

É um filme sobre história contemporânea. É um filme sobre música.
A vida de Curtis, contada por Deborah Curtis - no livro Touching From a Distance - e adaptada por Anton Corbijn. O percurso deste último não deixa dúvidas quanto à qualidade estética do que poderemos encontrar nas salas de cinema, a partir de dia 15 de Novembro.


segunda-feira, novembro 12, 2007

the state that i am in #


fotografia: cindy sherman

sexta-feira, novembro 09, 2007

bar 13 (alvor), sábado 9, 23h
ele e ela a dar música

quinta-feira, novembro 08, 2007

pretty things under-skin



(wishlist)

stolen from the artic bar

terça-feira, novembro 06, 2007

5ª linha da página 161

As performances de Claes Oldenburg reflectiam, ao mesmo tempo, os objectos escultóricos e os quadros que produzia, oferecendo-lhe um meio de transformar esses objectos inanimados, porém muito reais - máquinas de escrever, mesas de pingue- pongue, peças de vestuário, gelados, hambúrgueres, bolos, etc. -, em objectos dotados de movimento.

5ª linha, página 161 d' A Arte da Performance - do Futurismo ao Presente (Roselee Goldberg)







Regulamento:

1. Pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas
implica aleatoriedade, não tente escolher o livro;
2. Abra o livro na página 161;
3. Na referida página procurar a 5.ª frase completa;
4. Transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada;


Passo a bola para:

a Fran, para a Luísa, para o Pedro, o Pedro e para a Menina Limão.

segunda-feira, novembro 05, 2007

"Maria Bloom estava apaixonada e, como na inclinação de um caminho, os seus seios e a sua boca inclinavam-se para o desejo. Certas coisas invisíveis vêem-se.

Em Paris Maria Bloom falava delicadamente, noutras cidades dizia rápido o que tinha a dizer e calava-se; era agressiva. Os sítios influenciam o discurso.

Toda a fechadura é um sinal de fracasso da humanidade.

Maria Bloom por vezes era literária nas extremidades eróticas, o que aborrecia os homens. Preferiam que fosse erótica nas frases, erótica no alfabeto. [...]

Não se prende o amor com pregos, ao coração. Daí a fragilidade."

*


in

A Perna Esquerda de Paris
seguido
de Roland Barthes e Robert Musil

Gonçalo M. Tavares

* helmut newton - 1972
vision of chamapgne decadence

Em Portugal nada acontece, "não há drama, tudo é intriga e trama", escreveu alguém num graffiti ao longo da parede de uma escadaria de Santa catarina que desce para o elevador da Bica. Nada acontece, quer dizer, nada se increve - na história ou na existência individual, na vida social ou no plano artístico.
Talvez por isso os estudos mais sólidos e com maior tradição em Portugal sejam os que se referem ao passado histórico, numa vontade desesperada de inscrever, de registar, para dar consistência ao que tende incessantemente a desvanecer-se (e que, de direito, se increveu já, de toda a maneira - mas onde?) [...]

in
Portugal, Hoje - O Medo de Existir
José Gil