segunda-feira, janeiro 29, 2007

POEMA DO COMEÇO

Eu num camelo a atravessar o deserto
com um ombro franjado de túmulos numa mão muito
aberta

Eu num barco a remos a atravessar a janela
da pirâmide com um copo esguio e azul coberto de
escamas

Eu na praia e um vento de agulhas
com um Cavalo-Triângulo enterrado na areia

Eu na noite com um objecto estranho na algibeira
-trago-te Brilhante-Estrela-Sem-Destino coberta de
musgo


António Maria Lisboa

sábado, janeiro 27, 2007

try to look over your shoulder...



Pour some sugar on me_Luke Chueh




Feeling Blue_Luke Chueh

sábado, janeiro 13, 2007

Rita Hayworth & Fred Astaire - Fadding Into each other... ao som de Mazzy Star

terça-feira, janeiro 02, 2007

"... como a estrada começa"

Repassando o ano de 2006, olhando para trás, por cima do ombro, duas coisas que ficarão a ele associadas:
- o meu primeiro emprego;
- e ter saído da cidade onde vivia desde 1998;

Mas o mais importante de tudo, aquilo que realmente mudou a minha vida foi ter-te conhecido e daí ter aprendido a conjugar "verbo no infinito".

Receita de ano novo

"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come,
se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."

Carlos Drummond de Andrade