sábado, outubro 29, 2005


"Mãe, eu quero ficar sozinho...
Mãe, não quero pensar mais...
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim. Outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento.


E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar
..."
jmb, FMI
Estranhamente sinto um enorme vazio. E, em loop, relembro o dia em que o meu pai me pôs a ouvir o FMI.
Na altura, sem perceber o texto porque a idade não o permitia, senti uma enorme ângustia ...
Repete-se...

3 comentários:

Anónimo disse...

a pintura é edward hopper! inconfundível!

ana marta disse...

de facto!!

ana marta disse...

pedro espero não perceber aquilo que me queres dizer com isto!!
Gosto de ti, mesmo. Mas tudo se tornou demasiado feio. As memorias são demasiado negras.
Espero que este sentir mude. De outra maneira nem a amizade vai ficar.