quarta-feira, setembro 27, 2006

O tempo, apenas uma unidade de medida. Insisto na ideia desde há muito. Assim desvio a hipótese de funestos efeitos desse mesmo tempo sobre a linha que é a minha vida.

Mas o tempo mata[.me.nos]- o Tempo é a ruína da Humanidade. Anestesia os sentidos e inibe o sangue de pulsar. Bloqueia o sentir e, devagarinho, roe-nos as entranhas.
O tempo passa e queima-nos as extremidades que nos fazem sentir. Com o tempo a pele fica amarelada como a alma que nos habita o ser. Ficamos bafientos, a humidade entranha-se em nós... e, num dia- igual a qualquer outro - o sangue deixou de nos correr pelas veias.E com o amarelo da alma vem a incapacidade do sonho, que também chega com o tempo.
O tempo oferece-nos a evidência da solidão e da unidade. A evidência do eu livre, mas agrilhoado ao tempo.

O tempo é a água a correr, é a erosão nas rochas, é a decomposição dos corpos, da matéria. É a morte (e vida) em cada segundo.
É o saber me aqui. É a indefinição do caminho. São os meus olhos vazios. É o não haver luz. É o vazio da indefinição. É a ânsia da âncora. É a espera pelas vagas, que empurrem o corpo na costa.

Um dia acordamos e o tempo passou. À nossa volta fica o nada que fizémos com ele.

6 comentários:

ana marta disse...

Não lhe chamaria obcessão.Para mim é antes uma evidência. Há pessoas que não sentem o tempo a passar. Eu, tal como outras tantas, sinto-o.

Vanessa sabes bem que sou de grandes arrebatos, e em momentos menos bons os meus olhos tudo empolam. Ainda te lembras do meu riso? Eu lembro-me muito do teu. O ano que passou não foi bom e teima em trazer-me umas imagens que tu sabes... Por isso, aquilo a quem alguém chamou obcessão tenha mesmo que passar, para limpar muita coisa. Porque no fundinho eu gosto é de flores, passarinhos e sumol de ananás.

Unknown disse...

Todos os dias olhos para tras e vejo que nao aproveitei o meu dia ao maximo. Se calhar ao fazer isso nao estou a tirar o maximo proveito do que fiz, mesmo que seja so trabalhar. Por vezes nao me importava de nao sentir o tempo passar.

ana marta disse...

waldorf... a vanessa é a minha amiga "londrina", as you! you both should meet :)

Anónimo disse...

Cara Marta...quanto ao sorriso...veremos...imagino-o no mínimo...luminoso.Quanto ao "tempo"...bem...a coisa fica complicada.É que o tempo não é uniforme...não tem odor...o que uns sentem pela sua passagem...resulta para outros como um simples e leve toque...acrescenta uma ou outra deformação...mas ainda assim acrescenta coisas bem mais lindas.Por exemplo...reaviva a sensibilidade...que já não é de todo mau...

Cumprimentos

ana marta disse...

Caro Cosal:
tempo... a palavra onde cabem todas as existências. E que mais não é que uma unidade de medida, uma colagem de "tempos" que se impregnam em nós... é uma palavra que me assusta... muito haveria para dizer sobre ela.

Quanto ao sorriso luminoso, talvez seja da responsabilidade do passado recente e da visão daquilo que o tempo futuro possa trazer :)

Anónimo disse...

Agradeço as suas palavras.
Sabe...eu tenho um velho relógio que não marca o tempo...e um tempo ... que não tem espaço para relógios...muito para dizer como se entenderá...

Cumprimentos