terça-feira, julho 03, 2007

animal colectivo

Uma vez construí uma história que começou num caleidoscópio.

E o princípio da história era bonito. Tinha a magia e a surpresa de todos os inícios de histórias.

Mas o fim das histórias não somos nós que as escrevemos.
Há momentos em que queremos impor às histórias um sentido sem sentido.

E só descobrimos que as histórias não passam de histórias quando nos distanciamos delas.
Aí elas ganham a grandeza que realmente tiveram. A de histórias bonitas. Grandes no seu tempo. Intemporais na memória mas finitas na marca que nos deixam.

Tornam-se amareladas as histórias, como fotografias gastas. E na nossa cabeça o seu tempo também se esbate.
Já não conseguimos lembrar-nos do que se sentia nem de como o coração batia na presença ou na ausência.
Os cheiros só voltam fugazmente.

Foi o passado que ali ficou, sem sentido posterior ao presente em que se desenrolava a trama.

As história intemporais não existem para serem contadas.
Existem porque as respiramos e hoje
são a nossa pele.

Mas as memórias são uma coisa boa e gosto de me lembrar delas no presente.


Isso porque até hoje lutei sempre por beijar no rosto qualquer passado que me tivesse arrancado um sorriso ...



e continuo a gostar de caleidoscópios ...

3 comentários:

Cinnamon disse...

adoro caleidoscopios... fractais... e o teu texto

mar disse...

hoje
a menina marta pôs o dedo na ferida de a mar.
martinha.
quem sabe... já nos cruzamos
na "terra do nunca".

?

gostei muito, muito.
(mas lá que que doi, doi.)

ana marta disse...

abracinho Dianinha :)

menina mar:

há pessoas que habitam num intervalo no tempo, num parêntesis ... talvez coexistimos num universo de palavras que o coração dita.
sabes, estranhamente a mim não me doí. por ter muito medo dos fantasmas do passado transformei-os sempre em coisas boas, senão a minha existência dificilmente seria suportável