quinta-feira, janeiro 24, 2008

Coimbra 2006.

Conheciam-se de todos os dias sem nunca se terem cruzado. Entrelaçaram a sua existência num qualquer ponto de que não tenho memória - era o tempo das palavras até ao amanhecer, dos dias dos olhos pesados e do pensamento a voar para o Sul. Tudo sem a nitidez da imagem, tudo com o limite das palavras.
Chegou Junho e ela perguntou. O que nasceria da resposta seria, na pior das hipóteses, uma ida solitária ao Douro. Mas ela era livre. Não esperava nada. Queria fazer anos sozinha ... mas na ausência de solidão que fosse ele a única presença - o rosto desconhecido, companhia em longas horas dos meses que precederam aquele dia ...
Ele respodeu e o ponto fixou-se em Lisboa. O Douro ficava para atrás.
Era já Agosto e ela estava na boca do metro. Esperava-o. O rapaz do rosto indefinido e das palavras certas. Ela pertencia-lhe desde havia muito ...
Viram-se pela primeira vez e voaram em três dias pela cidade. Viveram na Travessa dos Mouros à Rua da Rosa como se sempre tivessem pertencido àquele lugar e os seus rostos nunca se tivessem separado - sem nunca se terem conhecido antes.
Tocada a carne o caminho erguia-se de novo à sua frente. Sul / Norte.
Era manhã e ele não estava ... um bilhete dizia que depois de muitas tentativas para a acordar ele teve que sair e que não a esqueceria. Ela não tinha conseguido cumprir a promessa da fuga conjunta para Sul.
Levantou-se e foi o coração que pela primeira vez a acalmou.
Soube desde aquela manhã que o rapaz do rosto indefinido e das palavras certas era agora a casa e o porto ... era a definição da procura e a surpresa de quem sabe o amor nas pernas entrelaçadas debaixo dos lençóis ...
Desde aí vivem um no outro entre linhas de comboio ... à espera que as linhas paralelas não se juntem apenas no infinito ...
E a cada dia que passa tudo é mais verdadeiro.
a.m.




(ninguém melhor que o Jose Gonzales soube
contar esta história ... a minha tem um final feliz)
one night to be confused
one night to speed up truth
we had a promise made
four hands and then away
both under influense
we had devine scent
to know what to say
mind is a razorblade
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no
one night of magic rush
the start a simple touch
one night to push and scream
and then releaf
ten days of perfect tunes
the colors red and blue
we had a promise made
we were in love
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough

and you, you knew the hands of the devil
and you, kept us awake with wolf teeths
sharing different heartbeats
in one night
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me no

2 comentários:

Menina Limão disse...

acontece que não foi o José González a contar essa história, mas sim os The Knife. a original é destes, a música do JG é uma versão.

se o JG foi o melhor a cAntar essa história, isso já é uma discussão possível. embora eu, adorando ambas as músicas, acredite que não.

ana marta disse...

bem, a verdade é que achava eu que os the knife é que tinham copiada o gozales ... se bem que eu gosto das duas ... ainda assim aminha história quem a cantou a mim foi o josé :)

obrigada pelo reparo :)