quarta-feira, agosto 30, 2006

Tenho medo do tempo a passar. Faz-me doer a barriga.

teenage kicks



Todos os dias são dias de Stone Roses...


terça-feira, agosto 29, 2006

Romance do Terceiro Oficial de Finanças
Ah! as coisas incríveis que eu te contava assim misturadas com luas e estrelas e a voz vagarosa como o andar da noite! As coisas incríveis que eu te contava e me deixavam hirto de surpresa na solidão da vila quieta!... Que eu vinha alta noite como quem vem de longe e sabe os segredos dos grandes silêncios — os meus braços no jeito de pedir e os meus olhos pedindo o corpo que tu mal debruçavas da varanda!... (As coisas incríveis eu só as contava depois de as ouvir do teu corpo, da noite e da estrela, por cima dos teus cabelos. Aquela estrela que parecia de propósito para enfeitar os teus cabelos quando eu ia namorar-te...)
Mas tudo isso, que era tudo para nós, não era nada na vida!... Da vida é isto que a vida faz.
Ah! sim, isto que a vida faz! — isto de tu seres a esposa séria e triste de um terceiro oficial de finanças da Câmara Municipal!...
Manuel da Fonseca

segunda-feira, agosto 28, 2006


Uma voz na pedra


Não sei se respondo ou se pergunto. Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra. Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante. A minha ebriedade é a da sede e a da chama. Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio. O que eu amo não sei. Amo em total abandono. Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim. Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

antónio ramos rosa


Teu corpo principia




Dou-te um nome de água para que cresças no silêncio. Invento a alegria da terra que habito porque nela moro. Invento do meu nada esta pergunta. (Nesta hora, aqui.) Descubro esse contrário que em si mesmo se abre: ou alegria ou morte. Silêncio e sol – verdade, respiração apenas. Amor, eu sei que vives num breve país. Os olhos imagino e o beijo na cintura, ó tão delgada. Se é milagre existires, teus pés nas minhas palmas. Ó maravilha, existo no mundo dos teus olhos. Ó vida perfumada cantando devagar. Enleio-me na clara dança do teu andar. Por uma água tão pura vale a pena viver. Um teu joelho diz-me a indizível paz.
antónio ramos rosa

sexta-feira, agosto 25, 2006

"E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar[...]
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...
[...] Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado [...] Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois."
fmi.josémáriobranco
(Há palavras que nos tocam, umas mais que outras...
estas são parte de outras...
quando a nostalgia corrói vêm à memória.
E hoje voltam a fazer sentido. Como sempre.
...e a curta da regina pessoa, que hoje no meio de uns livros do ICAM relembrei.)

after sun...

de volta às quatro paredes da delegação

sábado, agosto 05, 2006

Vou a banhos ... até já

porque eu tenho ...



à Francisca, ao Jorge, à Ritinha, e à minha doce Ana Luísa...

obrigada por me aturarem... e pela V ...