sábado, junho 26, 2010
sexta-feira, junho 25, 2010
O homem não desviou os olhos da cara do rapaz.
- Deixou-me. Um noite, cheguei, a casa estava vazia, ela tinha-se ido embora. Deixou-me.
- Com outro tipo? - perguntou o rapaz.
Suavemente, o homem pôs a palma da mão no balcão.
-Ó meu filho; naturalmente! Uma mulher não foge assim, sozinha.
O café estava sossegado e a chuva miudinha, escura e infinda, lá fora.
Uma árvore, um rochedo, uma nuvem. Carson McCullers
in Folhas Vermelhas e Outros Contos Americanos, Tradução Jorge de Sena
quinta-feira, junho 24, 2010
quarta-feira, junho 16, 2010
Vi este discurso do Žižek no 5 Dias há umas largas semanas. Revejo-o muita vezes. Fica aqui para quem tiver tempo e paciência para ouvir um discurso claro sobre a utopia da revolução e a possibilidade de concretização de um fim para o capitalismo.
C'est quand le bonheur?
"A destabilização que a sociedade de hiperconsumo provoca [...] afecta a própria identidade das pessoas excluídas do paraíso mercantil. Num mundo invadido pelo mercado, a pobreza ganha um novo rosto, até por terem desaparecido as antigas culturas da pobreza. A maioria actual foi educada num universo de bem-estar e todos aspiram a fruir o consumo, os lazeres e as marcas. Cada indivíduo, pelo menos em espírito, é um hiperconsumidor. Os que foram educados num cosmos consumista e não podem beneficiar dele vivem a sua condição com um sentimento de frustração, de desvalorização de si e de fracasso pessoal. Numa época de consumo excrescente, o subconsumo é portador de exclusão, de vergonha de si, de auto-estigmatização: pedir ajuda social, poupar no essencial, estar atento a todas as despesas, privar-se de tudo, não poder limitar as despesas ao rendimento anual. Nos nossos países, embora o capitalismo de hiperconsumo tenha feito desaparecer a miséria absoluta, faz agora aumentar a miséria interior e o ressentimento dos que não podem ter acesso à felicidade consumista prometida a todos, por viverem uma "subexistência".
[...] É nestas condições que aumenta uma desorientação que, sem ser niilista, não deixa por isso de ser importante."
in A Cultura-Mundo, Resposta a uma Sociedade Desorientada | Gilles Lipovetsky, Jean Serroy: 2010 | Edições 70
terça-feira, junho 15, 2010
I started out in search of ordinary things | How much of a tree bends in the wind | I started telling the story without knowing the end |
I used to be darker, then I got lighter, then I got dark again | Something to be seen was passing over and over me | Well it seemed like the routine case at first | With the death of the shadow came a lightness of verse | But the darkest of nights, in truth, still dazzles | And I woke myself until I'm frazzled |
I ended up in search of ordinary things | Like how can a wave possibly be? | I started running, and the concrete turned to sand | I started running, and things didn't pan out as planned |
In case things go poorly and I not return | Remember the good things I've done | Done me in |
Jim Cain_Bill Callahan_Sometimes I Wish We Were an Eagle
(esta música nunca esteve aqui. mas passou muito tempo do lado de cá)
Era uma vez a Joana e o Jerónimo. Um dia acordei e eles tinham feito um disco com músicas bonitas.
Birds are Indie on My Space
domingo, junho 13, 2010
quinta-feira, junho 03, 2010
sabia a espectacularidade da vida. por isso percorria a possibilidade de outras existências: queria conhecer tudo o que é finito no ser. saltava entre a realidade dos dias e a promessa do mar imenso. por vezes caía. tropeçava em imagens turvas que não existiam. depois da queda regressava sempre à cadeira onde pousava os sonhos em fila de espera. "estás presa", diziam-lhe aquelas paredes que a rodeavam todos os dias. entre a ficção e a triste verdade de existir ficou sem pele. e deixou de sentir.
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