sexta-feira, dezembro 28, 2007

(os meus cigarros ficaram mais caros mas em 2008 vou continuar a ser fumadora em suma porque gosto e porque quero que o cancro de pulmão vá dar uma grande curva!)

a tod@s um 2008 cheio de coisas e de vida ...

quinta-feira, dezembro 27, 2007

(death cab for cutie - passenger seat)

há horas de dentes cerrados e braços inertes. tempos de pálpebras de ferro e da terra a gritar na pele. horas em que o corpo se vendeu à estrada. horas em que o ar arde no coração e os lábios secaram da alma em espera. e daqui vê-se tudo. do alto. as minhas mãos aqui cruzam-se em braços e respiro quando chega o dia .

...
Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde consumo
uma amizade bárbara. Um amor
levitante. Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
o minha loucura, escada
sobre escada.

MuIheres que eu amo com um des-
espero .fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente
Imente a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.

Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.

Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.


herberto helder, lugar in poesia toda

quarta-feira, dezembro 26, 2007

É dia 8 de Janeiro,pá!



sexta-feira, dezembro 21, 2007

... há coisas insuperáveis, não há !?!?

quinta-feira, dezembro 20, 2007


A Joana faz coisas bonitas e guarda-as aqui - Joana Monteiro Work

quarta-feira, dezembro 19, 2007

as coisas boas não têm prazo de validade# 1








(as coisas boas não têm prazo de validade#2)

terça-feira, dezembro 18, 2007




blogosfera wild life


"a vida blogosférica é demasiado estratégica para ser levada a sério. é toda uma gestão de relações planeadas a dedo, a clique (e vai mais aquele linkezito, e vai mais outro, e vai mais aquele mail).
há que ir preparando o terreno, as cartas passadas debaixo da mesa enquanto se serve o menu visível aos olhos de todos.
pessoas há que se esquecem de ter bons blogues, em honra de mais um link estratégico em mais um post. com as repercussões das ligações, chega uma certa...como dizer?
total ilusão de grandeza.
a vida que interessa está numa outra esfera que não a blogó.
mas fora dela somos pequenos, insignificantes. ninguém sabe o nosso nome
(ninguém quer saber) e ninguém nos lambe as botas.
ninguém nos elogia.
ninguém nos convida para sair.
ninguém diz que somos bonitos.
ninguém nos fode.
ah pá. aqui é que se está bem. deixa cá ver se o outro já me linkou."
menina limão dixit - ou um post que eu gostava de ter escrito
há quem empole a sua existência, há quem mostre menos do que aquilo que há em si ...
os blogs são isto ... demasiado nada para serem levados muito a sério.
e deixa-me mas é ir para casa que tenho o cão à espera. até depois.

sexta-feira, dezembro 14, 2007



bom fim de semana...
"I no longer limit myself."

stockhausen



É o que dá andar distraído pelo mundo.
Há grandes perdas que nos chegam fora de tempo




amanhã lá estaremos

quinta-feira, dezembro 13, 2007

a rita ...


e o raul ...


... na blogosfera
self portrait


... soft as clouds ...
... smooth as feathers ...


terça-feira, dezembro 11, 2007

Manhã Five Leaves Left

Há pessoas que, sem nunca as ter conhecido, habitam a minha cabeça.
Adopto-as e tento encontrar-lhes sentido para as suas vidas, algumas delas sem sentido.
Admira-se qualquer coisa nelas, muitas vezes apenas por terem vivido numa margem da vida de acesso restrito aos comuns. Não são ídolos; no fundo era bom termos sido vizinhos ou colegas de escola, nada mais. " Arroupar com admiração" ...



Então digo que "arroupo" Nick Drake com admiração.
E digo Five Leaves Left é um daqueles discos que toda a gente devia ouvir.

A Skin Too Few é o documentário sobre a vida deste músico e está aqui (parte 1), aqui (parte 2), aqui (parte 3), aqui (parte 4) e aqui (parte 5) para quem quiser ver.


segunda-feira, dezembro 10, 2007



Cada coisa tem um tempo. Esta coisa antecipou o seu, chegou antes de tempo.
Melhor dizendo, veio fora das condições meteorológicas que lhe seriam mais favoráveis para uma melhor audição.
Agora sim, a César o que é de César!

( obrigada * )

quinta-feira, dezembro 06, 2007

ilustração Teresa Amaral
...mais na Mulher Bala

*


Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
de frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada ...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio ...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura que também vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo ...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


Ternura,
David Mourão Ferreira,
in Antologia de Poesia Portuguesa
Erótica e Satírica

* helmut newton


#oda-se ... a minha Rita é do #@%@/#§!!!!!



(Dan Graham, A Mather of Time - Past Present Continuous)

Been here, done this ... Ok! ... Not that high. I was wearing heels!


(Recomendo tanto que vou lá voltar para acabar de explorar aquilo!)




(Nam June Paik, Moon Was the First Cinema)




(Bruce Nauman, Going Around The Corner Piece)



e mais o Tony Oursler e mais e mais e mais ....

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Cinco Noites, Cinco Filmes
Aqui estão as sugestões. Podiam ser outros os filmes escolhidos, porque há muitos e bons filmes por aí ... vistos e por ver. Estes foram importantes na altura em que os vi e continuam a ser, para mim, filmes de referência .



A Zed and Two Noughts, Peter Greenaway




Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Michel Gondry


Fanny Och Alexander, Ingmar Bergman


Der Himmel Uber Berlin, Wim Wenders







Il Decameron, Pier Paolo Pasolini
Passo agora a corrente daqui para:
O Afonso, para a Irina, para a Ana, para a Rita, Lara e para o Zé Miguel

sexta-feira, novembro 30, 2007

adeus ó terra ... adeus linda serra ... que eu cá vou ver o Control ...

até para a semana ...
sista, we're connected !





quinta-feira, novembro 29, 2007

Há já muito tempo que pretendo escrever sobre a duração
não um ensaio, uma peça de teatro ou história
-a duração exige a poesia.
Quero interrogar-me num poema,
lembrar-me num poema,
afirmar e conservar num poema
o que é a duração.

A duração é algo que já tantas vezes senti, nos prenúncios
da Primavera de Fontaine Sainte-Marie,
na brisa nocturna da Porte d'Auteuil,
ao sol estival da região do Karst,
a caminho da casa, às primeiras horas da madrugada,
após uma comunhão com o meu ser.

Essa duração o que foi?
Foi um espaço de tempo?
Algo de mensurável? Uma certeza?
Não, a duração foi um sentimento
o mais fugidío de todos os sentimentos,
que passa muitas vezes mais depressa que um instante
imprevisível, impossível de dirigir,
impalpável, imensurável.
E, no entanto, teria podido, com a sua ajuda,
rir-me para qualquer adversário e desarmá-lo,
fosse ele qual fosse,
teria transformado a opinião
de que sou uma pessoa má
na convicção profunda:
"Ele é bom!",
e se houvesse um deus,
o sentimento da duração seria há muito seu filho.
[...]




peter handke, poema à duração



skip ... skip ... skip ...

crise auditiva ...

não sei o que ouvir.

talvez seja um intoxicação auditiva...


terça-feira, novembro 27, 2007

agora vou ...



mas fica cá ela ...



Uma amiga pergunta-me se é melhor a monogamia ou a poligamia. Respondo:
Tinha treze ou catorze anos. Estudava piano e harmonia no Conservatório de Atenas. [...] Era Verão e véspera dos exames. [...] Um dia, depois de acabar de harmonizar um basso obligatto, entrei numa sala onde um colega meu, clarinetista [...] estava a estudar uma peça do exame. [...] Reparei que o seu clarinete era velho [...] e perguntei-lhe se se ía apresentar a exame com aquele mesmo instrumento. A princípio pôs-se a olhar para mim, boquiaberto, depois sorrindo com malícia, respondeu: “Não. Este é o meu clarinete de estudar. Para tocar em público tenho o clarinete bom.”
Para justificar a monogamia no matrimónio, os evolucionistas contavam do seguinte modo a formação da família: o homem diziam, no princípio vivia como as bestas, em estado de promiscuidade. Num segundo tempo, os filhos começaram a juntar-se à volta da mãe (permanecendo o pai mais ou menos ignorado), constituindo-se assim o matriarcado. Mais tarde ainda, o pai tornou-se, por sua vez, o chefe de família e formou o patriarcado que, na sua origem, era poligâmico e que só em recentes épocas se tornou monogâmico. Karl Marx, por seu turno, define a monogamia como “uma superestrutura da economia capitalista”, e explica-a pelo desejo do homem de transmitir a própria substância aos filhos, o que levou a humanidade à família monogâmica. As explicações citadas são dois exemplos claros da importância que no raciocínio humano têm os “preconceitos”, ou seja, o hábito de explicar a vida, o homem, o universo, qualquer coisa, partindo de uma ideia e desenvolvendo de fio a pavio, aquilo a que na prática dos filósofos se chama “um sistema”.
Eu penso que descobriremos mais facilmente a razão da monogamia se tomarmos como exemplo o jovem clarinetista do Odeón de Atenas.
Toca-se melhor no mesmo clarinete, melhor do que em clarinetes diferentes. Para o êxito do acto sexual, a harmonia entre os dois instrumentistas tem uma importância crucial. A técnica do acto sexual tem, como qualquer técnica, alguns segredos próprios, a sua poesia, a sua profundidade, que não se podem atingir se não se ultrapassar os obstáculos da intimidade e do pudor. A lei biológica, segundo a qual a fecundidade não pode ocorrer senão em condições de escuridão absoluta, alarga o seu “sentido” a toda a operação amorosa, coloca o acto sexual numa condição de estúpida superficialidade. O pudor que rodeia e cobre completamente o acto amoroso tem por objectivo torná-lo mais solitário – mais profundo.
Só dois amantes que fazem amor sempre um com o outro, fiéis duetistas, e que se “intimizam” cada vez mais, podem chegar à profundidade “abissal” do acto sexual, essa variante humana da origem da Via Láctea.


in a Vida de Henrik Ibsen, Alberto Savinio

*o artigo foi encontrado na mesma pasta que continha o original da Vida de Henrik Ibsen


meus caros, aqui está o bólide.

quem quiser boleia vai ter que esperar mais uns dias pelo exame de condução

almoço com um cheirinho a tempo ...

segunda-feira, novembro 26, 2007



Ibsen, Savínio, monogamía, polígamia
e uma flauta : amanhã, aqui.

quinta-feira, novembro 22, 2007




longas horas de sofá a entender as conspirarações do coração, divagações mais ou menos estéreis sobre o sentido da vida, horas e horas de pretenciosismo intelectual, horas de conforto no andar de baixo, tentativas de entendimento que oscilavam entre o racionalismo de um e a excessiva emotividade de outro. Assim passavamos o tempo.





agora temos o messenger e muitos kilómetros que nos separam.





"As mulheres mais maravilhosas acabam sempre com os maiores trastes"





(aqui está quem falou)
Jornal do Algarve, edição de dia 21 de Novembro
(variação regional ao Jornal As Beiras)

terça-feira, novembro 20, 2007


turn off cumputer, turn off brain




...


Time has told me
You're a rare rare find
A troubled cure
For a troubled mind.
And time has told me
Not to ask for more
Someday our ocean
Will find its shore.
So I`ll leave the ways that are making me be
What I really don't want to be
...
Time has told me
You came with the dawn
A soul with no footprint
...
And time will tell you
To stay by my side
To keep on trying
'til there's no more to hide.
...
Time has told me
You're a rare rare find
...


dei a mão à manhã para ela correr comigo ...

não gosto de manhãs solitárias

segunda-feira, novembro 19, 2007

por isso, hoje volto ...

sexta-feira, novembro 16, 2007

"O trabalho é a génese de grande parte da miséria do mundo, é causa de muito do mal que acontece.
Somos obrigados a viver sobre o seu desígnio. Para acabar com o sofrimento, temos que parar de trabalhar.
[...]
O emprego significa o aluguer das energias de uma pessoa por um limite de tempo razoável. E por mais engraçada que a tarefa seja, aquilo que tem de ser feito durante quarenta horas por semana, já não falando das condições em que tem de ser executado, é somente um fardo.
O objectivo são os lucros dos proprietários.
[...]
A degradação que muitos trabalhadores experimentam é a condição imposta pela disciplina.
[...]
A disciplina é aquilo a que a fábrica, escritório e a empresa partilha com a prisão, a escola e o hospital psiquiátrico.
É uma coisa historicamente original e terrível.
[...]
O divertimento é sempre voluntário. Quando é forçado é trabalho. É axiomático."

Bob Black*
A Abolição do Trabalho, in ebooks.

*norte americano, advogado, anarquista.




Quase no absurdo lembramo-nos que a procura inicial era pela liberdade.

# à menina limão, para que o trabalho (ou a falta dele) nunca nos condicione o pensamento.


'Beware of false prophets which come to you in sheep's clothing,
but inwardly, they are ravening wolves.
Ye shall know them by their fruits.'
The Night of the Hunter (1962)

quinta-feira, novembro 15, 2007



Je recommende Monsieur Afonso (put ... some) pour les tympains ...

et Mademoiselle Irina avec Monsieur António (Receyecler) pour les yeux.

(tenho saudades vossas)

... e parece-me que a foto é da Joana

quarta-feira, novembro 14, 2007

ir em paz#até amanhã


I'll break them down, no mercy shown
Heaven knows, its got to be this time
Avenues all lined with trees
Picture me and then you start watching
Watching forever, forever
Watching love grow, forever
Letting me know, forever





cemony (12" Version with Gillian Gilbert)
substance, new order,
factory records, 1987



82 dias depois da morte de Ian Curtis nascia eu. Em Agosto de 1980.
Cataloguei sempre a minha relação com os Joy Division como "difícil", talvez porque muito visceral.
Melhor. A palavra certa é "orgânica".
Conheci-os através do "bulldozer" que foi, em mim, a cena de Manchester.
Depois da Madchester dos 90 passar por mim, os meus ouvidos nunca mais foram os mesmos.

Nunca senti o efeito Joy Division no seu tempo, como outros o sentiram. Nem posso aspirar a querer sabê-lo, pela existência óbvia de um híato temporal que me separa da época. Só sei calcular a dimensão do fenómeno pelo seu alcançe e pelas suas repercussões na actualidade.
Há muito que não espero tanto por um filme.
"De um facilitismo atroz", dizia-se sobre o filme, sobre a trama ou a forma como a vida de Ian Curtis é retratada. Será verdade, acredito. Mas, como disse, não quero saber.

É um filme sobre história contemporânea. É um filme sobre música.
A vida de Curtis, contada por Deborah Curtis - no livro Touching From a Distance - e adaptada por Anton Corbijn. O percurso deste último não deixa dúvidas quanto à qualidade estética do que poderemos encontrar nas salas de cinema, a partir de dia 15 de Novembro.